A verdadeira cultura é a revolução

A verdadeira cultura é a revolução

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Cultura como Fator de Desenvolvimento Econômico
Em setembro de 2009, artistas alagoanos resolveram sair às ruas para reivindicar investimentos públicos e respeito para a Cultura. O símbolo da manifestação foi o teatro Deodoro. Um belíssimo local de espetáculos há anos fechado para reforma e as vésperas do seu centenário que será comemorado em novembro de 2010. Um verdadeiro símbolo do descaso com a Cultura em Alagoas.
Do protesto da classe artística local, novas promessas governamentais pela reabertura do teatro. Porém, mais que a devolução da casa de espetáculos ao povo e a arte alagoanos, o que de fato o Movimento “Sou Artista, Luto?!” quer mostrar à sociedade é a importância e o potencial sócio-econômico do setor para a melhoria das condições de vida dos alagoanos.
Neste documento, pretendemos demonstrar a importância estratégica do segmento artístico e da nossa luta em defesa da Cultura, “ferramenta transformadora para combater a pobreza e as desigualdades sociais”, conforme atestaram os Ministros da Cultura, da América Latina e Caribe, reunidos no 16º Fórum de Ministros de Cultura e Encarregados de políticas Culturais da Região.
Indicadores Culturais no Brasil
O papel estratégico do setor cultural para o desenvolvimento econômico sustentável parte do debate da II Conferência Nacional de Cultural. Com o tema “Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento”, o Ministério da Cultura (Minc) pretende “propor estratégias para o fortalecimento da cultura como centro dinâmico do desenvolvimento sustentável”, conforme inciso II, Art. 1º, do Regimento Interno da Conferência. O Fórum ocorrerá no período de 11 a 14 de março de 2010.
Entretanto, talvez para subsidiar os debates da Conferência, o Minc encomendou um estudo ao IBGE que resultou no documento intitulado “Sistema de Informações e Indicadores Culturais”. Nele, está demonstrado que em 2005, o setor cultural empregou cerca de 1.635.294 pessoas, movimentando R$ 23,6 bi no mesmo ano em salários e outras remunerações.
Esses dados, além de revelarem o peso do setor cultural para a economia do país, demonstram, ainda, a sua lucratividade, pois, enquanto o salário médio brasileiro foi de R$ 1.060,48, o salário médio referente às atividades culturais foi de 1.565,74. São 5,4 salários-mínimos/mês contra 3,7 SM pagos pelos demais setores econômicos em 2005.
Mas, apesar de significativos, outros dados do Ministério da Cultura demonstram, ainda, o potencial inexplorado desse segmento econômico. De acordo com o Minc, “apenas 14% da população brasileira vai ao cinema ao menos uma vez por mês, 92% não frequenta museus, 93% nunca vai à exposições de arte, e 78% nunca assiste a espetáculos de dança”.
Baseado nesses números, o Governo Federal propôs a criação do “Vale Cultura”. Um incentivo ao consumo de bens e serviços ligados à Cultura e que estima incluir cerca de 12 milhões de trabalhadores assalariados no mercado de consumo cultural. Uma estimativa animadora, considerando-se que, dadas as condições atuais, entre 2005 e 2006 as atividades relacionadas à cultura cresceram 5,4% contra um crescimento de apenas 2,4% da população ocupada no Brasil, segundo dados do PNUD.
Contudo, como toda nova oportunidade de mercado, a injeção de mais recursos e a ampliação do público consumidor de cultura requerem, também, o envolvimento dos órgãos governamentais em conjunto com a classe artística no processo de convencimento da classe empresarial para a adesão à nova política pública, bem como de conscientização popular para a importância do setor cultural para a formação e desenvolvimento de uma sociedade. Aliás, destaque-se que a acessibilidade também deve ser garantida através do investimento em transporte e segurança, de modo a que os trabalhadores possam chegar aos locais de eventos, na maioria das vezes, distantes dos locais de residência das pessoas de baixo poder aquisitivo
Moraes Junior

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